KURIMA - Projecto Piloto de Inclusão Digital e Competências Futuras nas zonas rurais para jovens de Cacuaco
30 de January de 2024
O papel da tecnologia é cada vez mais importante para o desenvolvimento das sociedades a nível socioeconómico. O seu avanço tem um impacto direto em todos os aspectos socioeconómicos, trazendo progressos importantes em vários aspectos. No entanto, todos estes desenvolvimentos têm levado o PNUD e os seus parceiros de desenvolvimento a refletir sobre a inclusão digital na vida quotidiana, uma vez que, em plena era digital, os jovens necessitam cada vez mais de meios digitais, para não ficarem para trás.
Neste contexto, o Ministério da Economia e Planeamento, sob a égide do Instituto Nacional de Apoio as Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM) em parceria com o Sistema das Nações Unidas em Angola, através da agência para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), realizaram, no, dia 30 de Janeiro, às 15 horas, na Escola Rural de Agro-processamento “Otchitanda Weza Temperos”, localizada na Kaop Velha, município de Cacuaco, o acto de encerramento do projecto piloto de inclusão digital e competências futuras para os jovens deste município, denominado “KURIMA – abraçar a transformação das economias rurais”. A palavra KURIMA tem origem na língua kimbundu, da cultura Banto e significa: Trabalho, lavrar, cultivar.
O sentido da palavra traduz a essência do projecto que é de valorizar a cadeia de valor agrícola, criando novas oportunidades através da conectividade e o acesso digital para os jovens e especialmente as raparigas nas zonas periurbanas e rurais, que já tem uma ligação histórica e familiar com a agricultura. O projecto contou também com o apoio do sector privado no desenho das competências digitais básicas, ferramentas de negócios digitais e comércio eletrónico, bem como na partilha de experiências e lições aprendidas que visamreforçar as operações e capacidades dos jovens e levá-los a pensar em alternativas digitais e não só que adicionam valor ao trabalho de agricultura e transformação alimentar que já se realiza no espaço. O projecto também serviu para testar um compêndio de competências práticas de gestão, negócios e empreendedorismo, orientado para o futuro, cocriado com o sector privado para aumentar as oportunidades de emprego e competências para os jovens envolvidos em negócios da cadeia de valor agrícola.
Domingas Mateus, 18 anos, do município de Cacuaco, CAOP velha, soube do curso através da formadora Fátima, quando fez o curso de agro-processamento. Em entrevista à unidade de Comunicação do PNUD em Angola, ela disse que a lista de formandos do curso de agro-processamento era a mesma do curso de inclusão digital, em que ela também esteve inserida.
“A formação que fiz durou um mês e meio. Aprendi muita coisa, como fazer uma loja online, aprendi a trabalhar com o Canva, fiz mais um curso e hoje sei fazer story telling e muito mais, disse.”
“Estou a estudar a 11ª classe , curso de saúde, mas daqui a alguns anos prentendo fazer o curso de agronomia porque com este curso de inclusão digital, eu, já trabalhando muito tempo no campo com a minha mãe, aprendi muito, sei muito e pretendo evoluir mais com este curso e desenvolver o negócio da minha Mãe, acrescentou’’.
Durante a entrevista, que durou cerca de quatro minutos, Domingas contou-nos que começou a trabalhar no campo desde os cinco anos de idade, sim, aos cinco anos já me levavam para o campo, exclamou. Adaptei-me e hoje o meu percurso é escola - campo. Por isso, hoje em dia, saio da escola e vou directamente para o campo.
``Pretendo mudar o negócio da minha Mãe da seguinte maneira: sabendo que ela faz agricultura familiar, quero que ela faça agricultura industrial ou comercial, como se costuma dizer. Também tenciono estudar agronomia e depois vou criar uma loja online para a minha mãe, onde vou vender os produtos dela e muito mais. Pretendo ter várias quintas e produzir vários produtos” partilhou.
Tudo o que tenho a dizer é muito obrigada porque não estávamos à espera de ter um curso como este aqui nesta zona, sendo que nas zonas rurais dificilmente este curso é ministrado.
De salientar que este projecto, que beneficiou os jovens de Cacuaco consubstanciou – se numa formação que teve uma abordagem flexível, permitindo à equipa do projecto adaptar componentes e metodologias de treinamento de acordo com as necessidades e a capacidade de resposta da comunidade local. A iniciativa foi implementada em coordenação com os Salesianos de Dom Bosco Angola que prestaram apoio eficaz ao Laboratório de Aceleração e equipa de Portfólio do PNUD, bem como à equipa do AGRIPREI – FAO, na operacionalização e implementação do pacote de inclusão digital e educação de competências futuras.
Para fazer face a desafios relacionados à literacia digital e a crescente taxa de desemprego juvenil, o Governo angolano implementou medidas imediatas, incluindo o Plano de Acção para a Promoção da Empregabilidade (PAPE) ‒ que visa beneficiar directamente 83.000 jovens entre 2019 e 2021 ‒ e o Programa de Reconversão da Economia Informal (PREI) e o AGRIPREI, virando para a agricultura, que tenta promover a transição da economia informal para a economia formal.
O Escritório do PNUD e da FAO têm apoiado o Governo de Angola na materialição destes dois programas alinhados com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Para esta formação, foram fortalecidos a capacidade de um grupo de 20 jovens (10 raparigas e 10 rapazes) que estão envolvidos numa cooperativa actualmente apoiada pelo Projecto AGRIPREI através do Ministério da Economia e Planeamento com assistência técnica da FAO.
Durante as sessões formativas, constatou – se o potencial da tecnologia para o aprimoramento pessoal e profissional, aliado à vontade de aprender existente nas comunidades. Portanto, a formação práctica e os programas educativos centrados nestas áreas e que promovam a aprendizagem contínua podem melhorar a competência digital geral dos participantes. O projeto apresenta potencial de escalabilidade, com foco na ampliação de horizontes no futuro mercado de trabalho para jovens e no fomento ao aumento da disseminação e produção dentro das cooperativas.
Programas como estes podem ter impacto a nível comunitário, uma vez que os equipamentos podem ser utilizados colectivamente para múltiplos fins e com novas capacidades podem ser criados negócios para fortalecer o principal negócio cooperativo.